O texto abaixo foi publicado pelo Templo Umbandista Cristão "Casa Branca de Oxalá".
Na verdade a intenção dos defensores dessa idéia é de criar, em todos nós, o sentimento de que somos culpados pelo sofrimento de Cristo, e que por isso devemos nos redimir de nossos pecados perante o Pai para que sejamos perdoados e podermos entrar no Reino dos Céus. Por isso é necessário um Deus vingativo e punitivo, pois não fazendo o que nos diz essas religiões estaremos condenados ao fundo do Inferno. Como poderíamos imaginar uma troca que já vai entrando em seu terceiro milênio continuar resgatando pecados tão mais recentes e diferentes daquilo que eram naquela época? Qual seria o Deus Tirânico que pediria a vida de seu filho mais querido em troca da salvação de nossos espíritos, que, segundo essas mesmas crenças, estão tão longe desse mesmo Deus?
Na verdade, o que Jesus veio nos trazer foi a capacidade de vermos a possibilidade de também desenvolvermos nossa Centelha Divina, atingindo ao final de nossas vidas encarnadas o nosso próprio estado Crístico. Foi a certeza de nossas reencarnações, passadas e futuras, e de que a todos nós nos é dado o poder de evoluir e atingir nossa plena luminosidade ao final de um certo número de vidas.
A primeira coisa que devemos lembrar é que na Umbanda não temos a figura do pecado e, portanto, também não temos a culpa. Temos na Umbanda é a responsabilidade pelos nossos atos. Por isso mesmo é que Cristo ao vir e morrer na cruz em um sacrifício ele veio nos mostrar que o Espírito será reencarnado para a continuidade de seu aprendizado. E isto é o ensinamento maior de Cristo. Morre o corpo denso, mas sobrevive o Espírito que é a forma mais sutil da Energia Vital, do Fluido Universal.
Assim, a ressurreição é uma garantia de que, a cada novo reencarnar, nossa evolução estará em um estado de maior elevação espiritual. O aparecimento de Cristo para Madalena e, posteriormente para seus apóstolos, ele vem nos mostrar a possibilidade de comunicação que temos com Espíritos e a verdade de eles voltarem à vida com a finalidade de dar continuidade ao processo de evolução. Sempre voltamos em condições de maior nível de evolução. O simbolismo da Paixão de Cristo enquanto uma forma de demonstrar que a ressurreição do Espírito. Quando se diz que Cristo veio para resgatar os pecados do mundo não significa que os pecados do mundo desapareceriam após sua vinda. Significa sim, que à medida que nossos espíritos forem aprendendo a sua doutrina, o seu Evangelho, estaremos mais evoluídos. Cristo por isso mesmo veio para nos mostrar que nesse mundo os Espíritos não vêm para sofrer ou pagar, mas para aprender e se reconciliar com suas vidas passadas. É um aprendizado de resignação e de fé. Teremos assim em vidas futuras a possibilidade de assumir as responsabilidades que tivemos em vidas passadas e aprender com o novo período de vida encarnada a superar aquelas que eram nossas deficiências espirituais. Nossa vida espiritual é uma espiral ascendente, rumo ao Fluido Universal Infinito, que é nossa Origem e nosso Destino, Deus.
O cumprimento da missão de Cristo enquanto filho de Deus, que veio como cordeiro de Deus para sacrificar-se pelo mundo, teve de contar, entre os personagens que participaram direta ou indiretamente de sua vida, com diferentes e importantes papéis entre eles. Assim, o fato dos sacerdotes hebreus terem tomado a atitude de entregar Jesus - o Cristo – nada mais fizeram do que aquilo que estava determinado. Quando Judas vai e entrega Cristo, está cumprindo uma das partes mais árduas da missão Crística: a de permitir que Cristo fosse preso, na calada da noite, para passar pelo seu Calvário e consumar sua missão.
Quando Jesus, ao expirar, pronuncia as palavras “Consumatun est” (está finalizado, está consumado) ele não está, como já vimos anteriormente referindo-se à finalização do sopro da vida naquele corpo denso – de Jesus – mas à missão de Cristificação de Jesus. Ali o homem deixa definitivamente de existir para passar a existir somente a Energia Crística, o Cristo.
Assim, a sexta feira da Paixão não pode ser vista como um momento de tristeza, mas de alegria; não de culpa mas de libertação pois foi exemplo maior de Jesus que nos demonstrou que o homem pode chegar até onde ele próprio chegou. Jesus veio nos ensinar isso, e conseguiu, pois se não o tivesse conseguido sua mensagem não estaria presente por mais de dois milênios e até hoje sem que tenhamos conseguir aprender em toda a profundidade seus ensinamentos. Essa é a nossa alegria que se consuma exatamente na sexta feira da Paixão.
Cristo nos ensina que teremos condições de superar nossas deficiências espirituais e, plenamente desenvolvidos, luminosos e sábios nos colocaremos frente a Deus. Ensina que temos salvação sim, que nenhum Espírito se perde nesse mundo, que nos elevaremos ao seu nível sim. Então esse é um momento que deveríamos comemorar as oportunidades que Jesus – o Cristo- nos veio trazer.
Ainda é um momento de alegria quando Cristo nos mostra que o Espírito é imortal, ao se mostrar aos seus discípulos como uma luz com forma de Jesus (perispírito), apenas aumenta sua materialidade a mandar que Tomé tocasse suas chagas. E por que Cristo se mostra sob a forma de Jesus? Porque somente assim os apóstolos poderiam reconhecê-lo. O que mais queremos para comemorar? Cristo nos mostrou o nível de evolução espiritual que poderemos chegar que é o de essência fluídica extremamente sutil, intocável, enfim plenamente luminoso e sábio.
Assim, quando Cristo veio há mais de 2000 anos, não veio apenas no sentido estrito de apagar os pecados da humanidade, pois, como vimos eles continuam a acontecer, mas veio no sentido amplo de nos mostrar o caminho da nossa evolução. Demonstremos nosso agradecimento, nossa alegria e nossa compreensão sobre a missão Crística de Jesus na terra.
Na Umbanda podemos demonstrar toda essa compreensão da missão Crística ao compreendermos a missão de nossa Religião na Terra: a manifestação do Espírito para a prática da Caridade. Pretos Velhos, Caboclos, Exus, Crianças e outras entidades de Luz, que se apresentam para os trabalhos na Umbanda, ajudam-nos a obter essa compreensão através dos seus passes de harmonização, conselhos, de seu apoio nos momentos difíceis e sempre servindo para nós como exemplos de Espíritos em estagio superior de evolução.
DEUS É TÃO BOM QUE MESMO AQUELES QUE NÃO ACREDITAM EM DEUS UM DIA VERÃO A DEUS."
Para o Padre Jesuíta, Paulo Umberto Stumpf (Reitor da Escola Superior Dom Helder Câmara), embora existam profundas divergências doutrinárias entre a Igreja Católica e a Umbanda, o elo que possibilita o diálogo e a fraternidade entre todos é a caridade.
A caridade, segundo ele, deve ser entendida como ações de solidariedade, em prol da construção de uma sociedade sempre mais justa e feliz.
Caridade, segundo o Reitor, com relação a credos diferentes da nossa fé, é tolerância, respeito, valorização da pessoa humana enquanto tal. Além disso, segundo o Reitor, a Umbanda deve ser respeitada como uma expressão religiosa que deu a afrobrasileiros um sentido existencial e de resistência diante da dominação cultural européia.
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