“Umbanda é o grande e verdadeiro culto que os espíritos humanos encarnados, na Terra, prestam a Obatalá, por intermédio dos Orixás. Desse culto participam os espíritos elementais e os espíritos humanos desencarnados.” “Na sua essência e na sua finalidade, a Umbanda é idêntica a todas as religiões do passado e do presente.” “Em resumo, a Umbanda é a Caridade. Nada mais.” Altair Pinto (Dicionário da Umbanda, Rio de Janeiro: Ed. ECO, 1971. pp. 195-197)
PONTO ESTILIZADO DO TEMPLO
quinta-feira, 30 de maio de 2013
SALVE SANTO ANTONIO - SALVE O POVO DA RUA
Sabendo que a Umbanda, segundo o Caboclo das Sete Encruzilhadas é “A manifestação do espírito para a prática da caridade”, qual a principal função desempenhada pelos Exus nos nossos Templos, Terreiros, Casas ou Centros?
Na Umbanda o Exu é uma Entidade (espírito) que cuida da Segurança da Casa e de seus Médiuns. Todas as religiões tem Entidades que cumprem esse papel, só muda o nome. Um bom exemplo disso são as comunicações recebidas por Chico Xavier e Divaldo Franco mostram a existência desses espíritos trabalhando também no Plano Astral.
A reunião de Exu ou Gira de Exu tem como finalidade descarregar os médiuns e os consulentes. Unindo suas energias eles são capazes de entrar em contato e orientar mais facilmente com espíritos que ainda não encontraram um caminho. Estes espíritos vivem entre os encarnados, prejudicando-os, obsedando e até mesmo trazendo-lhes um desequilíbrio tão grande que são considerados loucos. Para este trabalho eles necessitam muito de nosso equilíbrio e de nossa energia. Nosso equilíbrio é utilizado por eles no momento em que as entidades sofredoras se manifestarem com ódio, rancor, raiva, para que tenhamos bons pensamentos e sentirmos verdadeiro amor e harmonia para que desta maneira as desarmemos e não as deixemos tomar conta da situação e, quem sabe, até as persuadir a mudarem de caminho libertando-se assim do encarnado ao qual está ligada; nossa energia é utilizada em casos em que estas almas estão sofrendo com o desencarne, tristes, com dores, humilhadas, desorientadas, assim eles transformam as nossas energias em fluidos balsâmicos que as ajudam, em muito, na sua recuperação. Muitas destas almas desorientadas não conseguem nem se aproximar dos Terreiros de Umbanda, pois os Exus da Tronqueira ficam encarregados de fazerem uma triagem liberando a passagem apenas dos espíritos que eles percebem já estarem prontas para o socorro, ou seja, prontas para seguirem um novo caminho longe do encarnado ao qual estava apegada. Este trabalho de separação é feito por eles com muito empenho e seriedade e será muito melhor sucedido se o encarnado der continuidade ao mesmo, quando menos melhorando os seus pensamentos e se livrando da negatividade e do medo.
Laroyê Exu, Exu é Mojubá!
NOSSAS HOMENAGENS A SANTO ANTONIO E AOS GUARDIÕES SERÁ NO SÁBADO DIA 15 DE JUNHO AS 18H.
domingo, 19 de maio de 2013
quarta-feira, 15 de maio de 2013
AS SETE LAGRIMAS DE UM PRETO VELHO
Num cantinho de um terreiro, sentado num banquinho, pitando o seu cachimbo, um triste preto velho chorava. De seus olhos molhados, lágrimas desciam-lhe pelas faces e, não sei porque, contei-as… foram sete! Na incontida vontade de saber,aproximei-me e o interroguei:
- Fala meu preto velho, diz ao teu filho porque externas assim uma tão visível dor?
E ele, suavemente respondeu:
- Estás vendo esta multidão que entra e sai? As lágrimas contadas são distribuídas a cada uma delas.
A primeira, eu dei a estes indiferentes que aqui vem em busca de distração, para saírem ironizando aquilo que suas ofuscadas mentes não podem conceber.
A segunda, a esses eternos duvidosos que acreditam, desacreditando, na expectativa de um milagre que os façam alcançar aquilo que os seus próprios merecimentos negam.
A terceira, distribuí aos maus, aqueles que somente procuram a Umbanda em busca de vingança, desejando sempre prejudicar um semelhante.
A quarta, aos frios e calculistas, que sabem que existe uma força espiritual e procuram beneficiar-se dela de qualquer forma e não conhecem a palavra gratidão.
A quinta, chega suave, tem o riso e o elogio da flor nos lábios, mas se olharem bem o seu semblante, verão escrito “Creio na Umbanda, nos seus caboclos e no seu Zambi, mas somente se vencerem o meu caso, ou me curarem disso ou daquilo”.
A sexta, eu dei aos fúteis, que vão de terreiro em terreiro, não acreditando em nada, buscam aconchegos e conchavos, porém seus olhos revelam um interesse diferente.
A sétima, filho, notas como foi grande e como deslizou pesada, foi a última lágrima, aquela que vive nos olhos de todos os orixás; fiz doação dessa aos médiuns, vaidosos, que só aparecem no terreiro em dias de festa e faltam às doutrinas. Esquecem que existem tantos irmãos precisando de caridade e tantas criancinhas precisando de amparo material e espiritual…
E assim, filho meu, foi para esses todos, que viste uma a uma, as sete lágrimas desse preto velho.
OS SETE SORRISOS DE UM PRETO VELHO
Meu Pai Zambi, Deus Maior:
O Primeiro sorriso é pelo médium que está sempre zelando por sua conduta e equilíbrio espiritual, quando um preto velho ou outra entidade chega no terreiro, o mesmo trata com tamanho carinho.
O Segundo sorriso é pelos ogãs que estão presentes nas giras, transmitindo com sua energia a alegria, amor e carinho no ambiente trazendo a força dos Órixás.
O Terceiro sorriso é pelos médiuns que estão sempre dispostos a ajudar e zelar pela casa de nosso pai, que chegam cedo para ajudar, os que vem fora dos dias de trabalho para organizar as atividades e a casa pela sua própria vontade e que muitas das vezes são os primeiros a chegarem nas giras e os últimos a saírem também.
O Quarto sorriso é pelos cambonos quando olhamos para eles e vimos através de seus olhares, humildade, solidariedade e vontade de ajudar e auxiliar as entidades e os guias.
O Quinto sorriso é pelo consulente que vem até junto de nós e fala: hoje meu Preto velho, não vim para pedir e sim para agradecer a Nosso Pai Oxalá por tudo que recebi.
O Sexto sorriso é pelo zelo com que o dirigente, tem por nossa mãe UMBANDA, pelos seus irmãos, pela sua humildade, por serem referência.
O Sétimo sorriso é por agradecimento aos Orixás, pois por intermédio deles , Nosso Pai Zambi deu- nos maior oportunidade de poder praticar a caridade e elevarmos nossa espiritualidade.
terça-feira, 7 de maio de 2013
PRETOS VELHOS
HISTÓRIA
As grandes metrópoles do período colonial: Portugal, Espanha, Inglaterra, França, etc; subjugaram nações africanas, fazendo dos negros mercadorias, objetos sem direitos ou alma.
Os negros africanos foram levados a diversas colônias espalhadas principalmente nas Américas e em plantações no Sul de Portugal e em serviços de casa na Inglaterra e França.
Os traficantes coloniais utilizavam-se de diversas técnicas para poder arrematar os negros:
Chegavam de assalto e prendiam os mais jovens e mais fortes da tribo, que viviam principalmente no litoral Oeste, no Centro-oeste, Nordeste e Sul da África.
Trocavam por mercadoria: espelhos, facas, bebidas, etc. Os cativos de uma tribo que fora vencida em guerras tribais ou corrompiam os chefes da tribo financiando as guerras e fazendo dos vencidos escravos.
No Brasil os escravos negros chegavam por Recife e Salvador, nos séculos XVI e XVII, e no Rio de Janeiro, no século XVIII.
Os primeiros grupos que vieram para essas regiões foram os bantos; cabindos; sudaneses; iorubás; geges; hauçá; minas e malês.
A valorização do tráfico negreiro, fonte da riqueza colonial, custou muito caro; em quatro séculos, do XV ao XIX, a África perdeu, entre escravizados e mortos 65 a 75 milhões de pessoas, e estas constituiam uma parte selecionada da população.
Arrancados de sua terra de origem, uma vida amarga e penosa esperava esses homens e mulheres na colônia: trabalho de sol a sol nas grandes fazendas de açúcar. Tanto esforço, que um africano aqui chegado durava, em média, de sete a dez anos! Em troca de seu trabalho os negros recebiam três “pês”: Pau, Pano e Pão. E reagiam a tantos tormentos suicidando-se, evitando a reprodução, assassinando feitores, capitães-do-mato e proprietários. Em seus cultos, os escravos resistiam, simbolicamente, à dominação. A “macumba” era, e ainda é, um ritual de liberdade, protesto, reação à opressão. As rezas, batucadas, danças e cantos eram maneiras de aliviar a asfixia da escravidão. A resistência também acontecia na fuga das fazendas e na formação dos quilombos, onde os negros tentaram reconstituir sua vida africana. Um dos maiores quilombos foi o Quilombo dos Palmares onde reinou Ganga Zumba ao lado de seu guerreiro Zumbi (protegido de Ogum).
Os negros que se adaptavam mais facilmente à nova situação recebiam tarefas mais especializadas, reprodutores, caldeireiro, carpinteiros, tocheiros, trabalhador na casa grande (escravos domésticos) e outros, ganharam alforria pelos seus senhores ou pelas leis do Sexagenário, do Ventre livre e, enfim, pela Lei Áurea.
A Legião de espíritos chamados “Pretos-Velhos” foi formada no Brasil, devido a esse torpe comércio do tráfico de escravos arrebanhados da África.
Estes negros aos poucos conseguiram envelhecer e constituir mesmo de maneira precária uma união representativa da língua, culto aos Orixás e aos antepassados e tornaram-se um elemento de referência para os mais novos, refletindo os velhos costumes da Mãe África. Eles conseguiram preservar e até modificar, no sincretismo, sua cultura e sua religião.
Idosos mesmo, poucos vieram, já que os escravagistas preferiam os jovens e fortes, tanto para resistirem ao trabalho braçal como às exemplificações com o látego. Porém, foi esta minoria o compêndio no qual os incipientes puderam ler e aprender a ciência e sabedoria milenar de seus ancestrais, tais como o conhecimento e emprego de ervas, plantas, raízes, enfim, tudo aquilo que nos dá graciosamente a mãe natureza.
Mesmo contando com a religião, suas cerimônias, cânticos, esses moços logicamente não poderiam resistir à erosão que o grande mestre, o tempo, produz sobre o invólucro carnal, como todos os mortais. Mas a mente não envelhece, apenas amadurece.
Não podendo mais trabalhar duro de sol a sol, constituíram-se a nata da sociedade negra subjugada. Contudo, o peso dos anos é implacavelmente destruidor, como sempre acontece.
O ato final da peça que encarnamos no vale de lágrimas que é o planeta Terra é a morte. Mas eles voltaram. A sua missão não estava ainda cumprida. Precisavam evoluir gradualmente no plano espiritual. Muitos ainda, usando seu linguajar característico, praticando os sagrados rituais do culto, utilizados desde tempos imemoriais, manifestaram-se em indivíduos previamente selecionados de acordo com a sua ascendência (linhagem), costumes, tradições e cultura. Teriam que possuir a essência intrínseca da civilização que se aprimorou após incontáveis anos de vivência.
FORMAÇÃO DA FALANGE DOS PRETOS-VELHOS NA UMBANDA
Depois de mortos, passaram a surgir em lugares adequados, principalmente para se manifestarem. Ao se incorporarem, trazem os Pretos-Velhos os sinais característicos das tribos a que pertenciam.
Os Pretos-velhos são nossos Guias ou Protetores, mas no Candomblé, são considerados Eguns (almas desencarnadas), e decorrente disso, só têm fio de conta (Guia) na Umbanda. Usam branco ou preto e branco. Essas cores são usadas porque, sendo os Pretos-Velhos almas de escravos, lembram que eles só podiam andar de branco ou xadrez preto e branco, em sua maioria. Temos também a Guia de lágrima de Nossa Senhora, semente cinza com uma palha dentro. Essa Guia vem dos tempos dos cativeiros, porque era o material mais fácil de se encontrar na época dos escravos, cuja planta era encontrada em quase todos os lugares.
O dia em que a Umbanda homenageia os Pretos-Velhos é 13 de maio, que é a data em que foi assinada a Lei Áurea (libertação dos escravos).
O NOMES DOS PRETOS-VELHOS
Há muita controvérsia sobre o fato de o nome do Preto-Velho ser uma miscelânea de palavras portuguesas e africanas. Voltemos ao passado, na época que cognominamos “A Idade das Trevas” no Brasil, dos feitores e senhores, senzalas e quilombos, sendo os senhores feudais brasileiros católicos ferrenhos (devido à influência portuguesa) não permitiam a seus escravos a liberdade de culto. Eram obrigados a aprender e praticar os dogmas religiosos dos amos. Porém eles seguiram a velha norma: contra a força não há resistência, só a inteligência vence. Faziam seus rituais às ocultas, deixando que os déspotas em miniatura acreditassem estar eles doutrinados para o catolicismo, cujas cerimônias assistiam forçados.
As crianças escravas recém-nascidas, na época, eram batizadas duas vezes. A primeira, ocultamente, na nação a que pertenciam seus pais, recebendo o nome de acordo com a seita. A segunda vez, na pia batismal católica, sendo esta obrigatória e nela a criança recebia o primeiro nome dado pelo seu senhor, sendo o sobrenome composto de cognome ganho pela Fazenda onde nascera (Ex.: Antônio da Coroa Grande), ou então da região africana de onde vieram (Ex.: Joaquim D’Angola).
O termo “Velho”, “Vovô” e “Vovó” é para sinalizar sua experiência, pois quando pensamos em alguém mais velho, como um vovô ou uma vovó subentendemos que essa pessoa já tenha vivido mais tempo, adquirindo assim sabedoria, paciência, compreensão. É baseado nesses fatores que as pessoas mais velhas aconselham.
No mundo espiritual é bastante semelhante, a grande característica dessa linha é o conselho. É devido a esse fator que carinhosamente dizemos que são os “Psicólogos da Umbanda”.
EIS AQUI, COMO EXEMPLO, O NOME DE ALGUNS PRETOS-VELHOS:
Pai Cambinda (ou Cambina), Pai Roberto, Pai Cipriano, Pai João ,Pai Congo, Pai José D’Angola, Pai Benguela, Pai Jerônimo, Pai Francisco, Pai Guiné, Pai Joaquim, Pai Antônio, Pai Serafim, Pai Firmino D’Angola, Pai Serapião, Pai Fabrício das Almas, Pai Benedito, Pai Julião, Pai Jobim, Pai Jobá, Pai Jacó, Pai Caetano, Pai Tomaz, Pai Tomé, Pai Malaquias, Pai Dindó, Vovó Maria Conga, Vovó Manuela, Vovó Chica, Vovó Cambinda (ou Cambina), Vovó Ana, Vovó Maria Redonda, Vovó Catarina, Vovó Luiza, Vovó Rita, Vovó Gabriela, Vovó Quitéria, Vovó Mariana, Vovó Maria da Serra, Vovó Maria de Minas, Vovó Rosa da Bahia, Vovó Maria do Rosário, Vovó Benedita.
Obs: Normalmente os Pretos-Velhos tratados por Vovô ou Vovó são mais “velhos” do que aqueles tratados por Pai, Mãe, Tio ou Tia).
ATRIBUIÇÕES
Eles representam a humildade, força de vontade, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam: curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pausada, tranqüilidade nos gestos, eles escutam e ajudam àqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e de religião. São extremamente pacientes com os seus filhos e, como poucos, sabem incutir-lhes os conceitos de karma e ensinar-lhes resignação
Não se pode dizer que em sua totalidade esses espíritos são diretamente os mesmos Pretos-Velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores foram: negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados, e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam escolheram ou foram escolhidos para voltar a terra em forma incorporada de Preto-Velho. Outros, nem negros foram, mas escolheram como missão voltar nessa pseudo-forma.
Outros foram até mesmo Exus, que evoluíram e tomaram as formas de um Pretos-Velhos.
Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: “então o Preto-Velho não é um Preto-Velho, ou é, ou o que acontece???”.
Este comentário pode deixar algumas pessoas, do culto e fora dele, meio confusas: “então o Preto-Velho não é um Preto-Velho, ou é, ou o que acontece???”.
Esses espíritos assumem esta forma com o objetivo de manter uma perfeita comunicação com aqueles que os vão procurar em busca de ajuda.
O espírito que evoluiu tem a capacidade de assumir qualquer forma, pois ele é energia viva e conduzente de luz, a forma é apenas uma conseqüência do que eles tenham que fazer na terra. Esses espíritos podem se apresentar, por exemplo, em lugares como um médico e em outros como um Preto-Velho ou até mesmo um caboclo ou exu. Tudo isso vai de acordo com o seu trabalho, sua missão. Não é uma forma de enganar ou má fé com relação àqueles que acreditam, muito pelo contrário, quando se conversa sinceramente, eles mesmos nos dizem quem são, caso tenham autorização.
Por isso, se você for falar com um Preto-Velho, tenha humildade e saiba escutar, não queira milagres ou que ele resolva seus problemas, como em um passe de mágica, entenda que qualquer solução tem o princípio dentro de você mesmo, tenha fé, acredite em você, tenha amor a Deus e a você mesmo.
Para muitos os Pretos-Velhos são conselheiros mostrando a vida e seus caminhos; para outros, são pisicólogos, amigos, confidentes, mentores espirituais; para outros, são os exorcistas que lutam com suas mirongas, banhos de ervas, pontos de fogo, pontos riscados e outros, apoiados pelos exus desfazendo trabalhos. Também combatem as forças negativas (o mal), espíritos obssessores e kiumbas.
A MENSAGEM DOS PRETOS-VELHOS
A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Ela representa o espírito de humildade, de serenidade e de paciência que devemos ter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente.
Certa vez, em um centro do interior de Minas, uma senhora consultando-se com um Preto-Velho comentou que ficava muito triste ao ver no terreiro pessoas unicamente interessadas em resolver seus problemas particulares de cunho material, usando os trabalhos de Umbanda sem pensar no próximo e, só retornavam ao terreiro, quando estavam com outros problemas. O Preto-Velho deu uma baforada com seu cachimbo e respondeu tranquilamente: “Sabe filha, essas pessoas preocupadas consigo próprias, são escravas do egoísmo. Procuramos ajudá-las, resolvendo seus problemas; mas, aquelas que podem ser aproveitadas, depois de algum tempo, sem que percebam, estarão vestidas de roupa branca, descalças, fazendo parte do terreiro. Muitas pessoas vem aqui buscar lã e saem tosqueadas; acabam nos ajudando nos trabalhos de caridade”.
Essa é a sabedoria dos Pretos-Velhos…
Os Pretos-Velhos levam a força de Deus (Zambi) a todos que queiram aprender e encontrar uma fé. Sem ver a quem, sem julgar, ou colocando pecados. Mostrando que o amor a Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor próprio, a força de vontade e encarar o ciclo da reencarnação podem aliviar os sofrimentos do karma e elevar o espírito para a luz divina. Fazendo com que as pessoas entendam e encarem seus problemas e procurem suas soluções da melhor maneira possível dentro da lei do dharma e da causa e efeito.
Eles aliviam o fardo espiritual de cada pessoa fazendo com que ela se fortaleça espiritualmente. Se a pessoa se fortalece e cresce consegue carregar mais comodamente o peso de seus sofrimentos. Ao passo que se ela se entrega ao sofrimento e ao desespero enfraquece e sucumbe por terra pelo peso que carrega. Então cada um pode fazer com que seu sofrimento diminua ou aumente de acordo como encare seu destino e os acontecimentos de sua vida:
“Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade. Mas, se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro.
Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS” (Pai Cipriano).
CARACTERÍSTICAS:
LINHA E IRRADIAÇÃO
Todos os Pretos-Velhos vem na linha de Obaluaiê, mas cada um vem na irradiação de um Orixá diferente.
FIOS DE CONTAS (GUIAS)
Todos os Pretos-Velhos vem na linha de Obaluaiê, mas cada um vem na irradiação de um Orixá diferente.
FIOS DE CONTAS (GUIAS)
Muitos dos Pretos-Velhos Gostam de Guias com Contas de Rosário de Nossa Senhora, alguns misturam favas e colocam Cruzes ou Figas feitas de Guiné ou Arruda.
ROUPAS
Preta e branca; carijó (xadrez preto e branco). As Pretas-Velhas às vezes usam lenços na cabeça e/ou batas; e os Pretos-Velhos às vezes usam chapéu de palha.
BEBIDA
Café preto, vinho tinto, vinho moscatel, cachaça com mel (às vezes misturam ervas, sal, alho e outros elementos na bebida).
DIA DA SEMANA: Segunda-feira
CHAKRA ATUANTE: básico ou sacro
PLANETA REGENTE: Saturno
COR REPRESENTATIVA: preto e branco;
SAUDAÇÃO: Cacurucaia (Deve sempre ser respondida com “Adorei as Almas”)
FUMO: cachimbos ou cigarros de palha.
DIA DA SEMANA: Segunda-feira
CHAKRA ATUANTE: básico ou sacro
PLANETA REGENTE: Saturno
COR REPRESENTATIVA: preto e branco;
SAUDAÇÃO: Cacurucaia (Deve sempre ser respondida com “Adorei as Almas”)
FUMO: cachimbos ou cigarros de palha.
Obs: Os Pretos-Velhos às vezes usam bengalas ou cajados.
COZINHA RITUALÍSTICA
TUTU DE FEIJÃO PRETO
MINGAU DAS ALMAS
É um mingau feito de maizena e leite de vaca (às vezes com leite de coco), sem açúcar ou sal, colocado em tigela de louça branca. É comum colocar-se uma cruz feita de fitas pretas sobre esse mingau, antes de entregá-lo na natureza.
BOLINHOS DE TAPIOCA
Os bolinhos de tapioca são feitos colocando-se a tapioca de molho em água quente (ou leite de coco, se preferir), de modo a inchar. Quando inchado, enrole os bolinhos em forma de croquete e passe-os em farinha de mesa crua. Asse na grelha.
Colocar os bolinhos em prato de louça branca podendo acrescentar arruda, rapadura, fumo de rolo, etc.
Obs: Nas sessões festivas de Pretos-Velhos, é usual servir a tradicional feijoada completa, feita de feijão preto, miúdos e carne salgada de boi, acompanhada de couve à mineira e farofa.
FORMAS INCORPORATIVAS E ESPECIALIDADE DOS PRETOS-VELHOS:
Sua forma de incorporação é compacta, sem dançar ou pular muito. A vibração começa com um “peso” nas costas e uma inclinação de tronco para frente, e os pés fixados no chão. Se locomovem apenas quando incorporam para as saudações necessárias (atabaque, gongá, etc…) e depois sentam e praticam sua caridade (Podemos encontrar alguns que se mantém em pé).
É possível ver Pretos-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, e apenas com movimentos dos ombros quando sentados.
É possível ver Pretos-Velhos dançando, mais esse dançando é sutíl, e apenas com movimentos dos ombros quando sentados.
Essa simplicidade se expande, tanto na sua maneira de ser e de falar. Usam vocabulário simples, sem palavras rebuscadas.
A linha é um todo, com suas características gerais, ditas acima, mas diferenças ocorrem porque os Pretos-Velhos são trabalhadores de orixás e trazem para sua forma de trabalho a essência da irradiação do Orixá para quem eles trabalham.
Essas diferenças são evidenciadas na incorporação e também na maneira de trabalhar e especialidade deles. Para exemplificar, separaremos abaixo por Orixás:
PRETOS-VELHOS DE OGUM
São mais rápidos na sua forma incorporativa e sem muita paciência com o médium e as vezes com outras pessoas que estão cambonando e até consulentes.
São diretos na sua maneira de falar, não enfeitam muito suas mensagens, as vezes parece que estão brigando, para dar mesmo o efeito de “choque”, mais são no fundo extremamente bondosos tanto para com seu médium e para as outras pessoas.
São especialistas em consultas encorajadoras, ou seja, encorajando e dando segurança para aqueles indecisos e “medrosos”. É fácil pensar nessa característica pois Ogum é um Orixá considerado corajoso.
PRETOS-VELHOS DE OXUM
São mais lentos na forma de incorporar e até falar. Passam para o médium uma serenidade inconfundível.
Não são tão diretos para falar, enfeitam o máximo a conversa para que uma verdade dolorosa possa ser escutada de forma mais amena, pois a finalidade não é “chocar” e sim, fazer com que a pessoa reflita sobre o assunto que está sendo falado.
São especialistas em reflexão, nunca se sai de uma consulta de um Preto-Velho de Oxum sem um minuto que seja de pensamento interior. As vezes é comum sair até mais confuso do que quando entrou, mas é necessário para a evolução daquela pessoa.
PRETOS-VELHOS DE XANGÔ
Sua incorporação é rápida como as de Ogum.
Assim como os caboclos de Xangô, trabalham para causas de prosperidade sólida, bens como casa própria, processo na justiça e realizações profissionais.
Passam seriedade em cada palavra dita. Cobram bastante de seus médiuns e consulentes.
PRETOS-VELHOS DE IANSÃ
São rápidos na sua forma de incorporar e falar. Assim como os de Ogum, não possuem também muita paciência para com as pessoas.
Essa rapidez é facilmente entendida, pela força da natureza que os rege, e é essa mesma força lhes permite uma grande variedade de assuntos com os quais ele trata, devido a diversidade que existe dentro desse único Orixá.
Geralmente suas consultas são de impacto, trazendo mudança rápida de pensamento para a pessoa. São especialistas também em ensinar diretrizes para alcançar objetivos, seja pessoal, profissional ou até espiritual.
Entretanto, é bom lembrar que sua maior função é o descarrego. É limpar o ambiente, o consulente e demais médiuns do terreiro, de eguns ou espíritos de parentes e amigos que já se foram, e que ainda não se conformaram com a partida permanecendo muito próximos dessas pessoas.
PRETOS-VELHOS DE OXOSSI
São os mais brincalhões, suas incorporações são alegres e um pouco rápidas.
Esses Pretos-Velhos geralmente falam com várias pessoas ao mesmo tempo.
Possuem uma especialidade: A de receitar remédios naturais, para o corpo e a alma, assim como emplastros, banhos e compressas, defumadores, chás, etc… São verdadeiros químicos em seus tocos. – Afinal não podiam ser diferentes, pois são alunos do maior “químico” – Oxossi.
PRETOS-VELHOS DE NANÃ
São raros, sua maneira de incorporação é de forma mais envelhecida ainda. Lenta e muito pesada.
Enfatizando ainda mais a idade avançada.
Falam rígido, com seriedade profunda. Não brincam nas suas consultas e prezam sempre o respeito, tanto do médium quanto do consulente, e pessoas a volta como: cambonos e pessoas do terreiro em geral e principalmente do pai ou da mãe de santo.
Cobram muito do seu médium, não admitem roupas curtas ou transparentes. Seu julgamento é severo. Não admite injustiça.
Costumam se afastar dos médiuns que consideram de “moral fraca”. Mais prezam demais a gratidão, de uma forma geral. Podem optar por ficar numa casa, se seu médium quiser sair, se julgar que a casa é boa, digna e honrada.
É difícil a relação com esses guias, principalmente quanto há discordância, ou seja, não são muito abertos a negociação no momento da consulta.
São especialistas em conselhos que formem moral, e entendimento do nosso karma, pois isso sem dúvida é a sua função.
Atuam também como os de Inhasã e Obaluaiê, conduzindo Eguns.
PRETOS-VELHOS DE OBALUAIÊ
São simples em sua forma de incorporar e falar. Exigem muito de seus médiuns, tanto na postura quanto na moral.
Defendem quem é certo ou quem está certo, independente de quem seja, mesmo que para isso ganhem a antipatia dos outros.
Agarram-se a seus “filhos” com total dedicação e carinho, não deixando no entanto de cobrar e corrigir também. Pois entendem que a correção é uma forma de amar.
Devido a elevação e a antiguidade do Orixá para o qual eles trabalham, acabam transformando suas consultas em conselhos totalmente diferenciados dos demais Pretos-Velhos. Ou seja, se adaptam a qualquer assunto e falam deles exatamente com a precisão do momento.
Como trabalha para Obaluaiê, e este é o “dono das almas”, esses Pretos-Velhos são geralmente chefes de linha e assim explica-se a facilidade para trabalhar para vários assuntos.
Sua “visão” é de longo alcance para diversos assuntos, tornando-os capazes de traçar projetos distantes e longos para seus consulentes. Tanto pessoal como profissional e até espiritual.
Assim exigem também fiel cumprimento de suas normas, para que seus projetos não saiam errado, para tanto, os filhos que os seguem, devem fazer passo a passo tudo que lhes for pedido, apenas confiando nesses Pretos-Velhos.
Gostam de contar histórias para enriquecer de conhecimento o médium e as pessoas a volta.
PRETOS-VELHOS DE YEMANJÁ
São belos em suas incorporações, contudo mantendo uma enorme simplicidade. Sua fala é doce e meiga.
Sua especialidade maior é sem dúvida os conselhos sobre laços espirituais e familiares.
Gostam também de trabalhar para fertilidade de um modo geral, e especialmente para as mulheres que desejam engravidar.
Utilizando o movimento das ondas do mar, são excelentes para descarregos e passes.
PRETOS-VELHOS DE OXALÁ
São bastante lentos na forma de incorporar, tornam-se belos principalmente pela simplicidade contida em seus gestos.
Raramente dão consulta, sua maior especialidade é dirigir e instruir os demais Pretos-Velhos.
Cobram bastante de seus médiuns, principalmente no que diz respeito a prática de caridade, bom comportamento moral dentro e fora do terreiro, ausência de vícios, humildade; enfim o cultivo das virtudes mais elevadas.
domingo, 5 de maio de 2013
HOMENAGENS AOS PRETOS VELHOS
No dia 18 de maio as 18h estaremos realizando nossa gira festiva em homenagem aos pretos velhos.
Venha saravar conosco.
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