Quaisquer sentimentos ou emoções negativos podem tornar vulto, crescendo, sobremaneira, nos relacionamentos entre os componentes encarnados dos trabalhos mediúnicos. O medianeiro deve estar sempre atento, vigiando o que ocorre no seu campo interno, sob pena de dar abertura às influências maléficas do lado de cá.
As sutilezas desse processo são de difícil percepção. Por mais que o médium se esforce - e, às vezes, nem se esforça tanto - no conhecimento de si mesmo, há ocasiões em que as próprias situações do cotidiano se impõem e ele acaba permeado pelo campo dos maus sentimentos.
Não é por acaso que, antigamente, aqueles que se interessavam pelas questões espirituais e ingresso nas fraternidades iniciáticas da época, diante da necessidade premente de modificação interior, tinham que se recolher a locais de isolamento, minuciosamente preparados, para conseguir estudar, ficando ausentes do mundo durante o longo tempo exigido à iniciação e ao aprendizado das verdades ocultas. Seria descabido pedir algo semelhante hoje, até porque a realidade do espírito em evolução exige o educandário da vida cotidiana, com os seus atavismos, experimentando-se as decorrências advindas: os sofrimentos, as dores e os desencantos, as realizações, as conquistas e as alegrias, tão comuns em toda a história da humanidade e, em especial, no momento atual, pela sua complexidade.
Embora o espírito encarnado se dedique ao auto conhecimento, na verdade é um desconhecido de si próprio, já que ainda não tem condições evolutivas de acesso a sua memória integral. Faz-se importante o estudo, a reforma íntima, tão apregoados pela doutrina espírita, mas tão pouco interiorizados, elevando-se os pensamentos e enobrecendo-se os sentimentos. Adquire-se, dessa forma, um grau de discernimento tal que permite distinguir os sentimentos negativos, se são próprios do psiquismo do médium ou de um agente externo.
As influenciações são muito sutis. Na intenção de abalar e acabar com um agrupamento de trabalhadores da mediunidade, as organizações trevosas movimentam os mais variados recursos e tecnologias. O conhecimento não é propriedade somente dos espíritos bondosos, a sabedoria sim.
Imaginai o manancial de conhecimento que adquiriu um espírito empedernido no mal, no ódio, em milênios de reencarnações, e mais algumas centenas de anos, conseguindo fugir à encarnação, tal o seu poder mental, imperando no baixo Astral como se fosse Príncipe, com disciplina rígida sobre seus súditos, liderando exército de seguidores, caracterizando-se por verdadeiro mago negro. Conhecedor profundo da psicologia e da fisiologia humana, estuda com frieza e pormenorizadamente, dispondo de recursos técnicos condizentes, por extenso período e sem pressa, os pontos fracos e as brechas cármicas daqueles que quer fragilizar. Aumenta, acentuadamente, os sentimentos negativos, quando lhe dão abertura, num processo de indução mental. Cria situações as mais variadas e engenhosas para o envolvimento e, quando menos espera, o médium está em conflito com o dirigente ou odiando o irmão ao lado, em ocorrência que beira o inusitado e por motivo o mais banal.
O amor é o antídoto para tudo isso. Os dirigentes não devem considerar-se senhores da verdade e nem dar excessiva ênfase à dialética, ainda mais se escasseia o sentimento amoroso. Acontece que, na maioria das vezes, deixam-se levar pela rotina, estabelecendo-se vagarosamente o enfado e uma oratória quase que mecânica. Os médiuns não devem querer se mostrar melhores "dirigentes", pois são os dirigidos. Disputas como essas são inconcebíveis no trabalho de caridade.
Portanto, trabalhai, doai-vos, tende amor e humildade. Os irmãos sofredores precisam muito dos
bons sentimentos, das boas vibrações, e esperamos que façais a vossa parte, pois nós fazemos a
nossa. Vede, ninguém é perfeito! A perfeição absoluta cabe e pertence ao Pai. Somos eternos
aprendizes.
Jesus foi médium em todo o lugar e todo o tempo. Amou, perdoou, teve confiança no Pai Maior e continua a nos inspirar e indicar o caminho: "Vigiai e Orai".
Muita paz e muita luz!
Ramatís